domingo, 23 de junho de 2013

03 - ANOS DE CHUMBO

O regime militar no Brasil, que se manteve no poder no país de 1964 a 1985, buscava vigiar e controlar o espaço público e todo o enunciado político contra a ditadura, buscava-se desmobilizar a sociedade para manter o regime. Nos veículos de comunicação em massa havia mensagens políticas de resistência, assim aconteceu com a música brasileira. Qualquer composição musical ou declaração que chocasse a “normalidade” política da ditadura era registrado como suspeito. 
O órgão responsável pela censura dos meios de comunicação era o CONTEL, comandado pelo SNI e pelo DOPS. Muitas vezes, matérias eram vetadas e os jornais publicavam, no lugar, páginas em branco. Na cultura, o que mais foi  censurada foi a Música Popular Brasileira, acusada pelos militares como uma ofensa  à moral e aos bons costumes. Diversos compositores e cantores tiveram seus discos proibidos e suas músicas vetadas. Para passarem pela censura, os compositores escreviam-nas de modo a ter um duplo sentido e os censores somente percebiam as críticas quando elas faziam sucesso. A censura não tinha nenhum critério e era imposta a qualquer coisa que pudesse ameaçar o regime.
Apresentamos uma seleção que representa bem o retrato da época:

1.APESAR DE VOCÊ – CHICO BUARQUE. (1971)
A letra critica o modo como às repressões ditatoriais eram feitas e alerta sobre o que iria acontecer se em um dia todos estivessem felizes e insistissem em viver da forma como queriam.

2. O BÊBADO E A EQUILIBRISTA – ELIS REGINA (1979)
Representava o pedido da população pela anistia ampla, geral e irrestrita, um movimento consolidado no final da década de 70.

3. ACENDER AS VELAS – ZÉ KETI (1967)
Faz uma crítica social as péssimas condições de vida nos morros do Rio de Janeiro, na década de 1960.

4.ALEGRIA, ALEGRIA – CAETANO VELOSO (1974)
A letra critica o abuso do poder e da violência, as más condições do contexto educacional e cultural estabelecido pelos militares, aos quais interessava formar brasileiros alienados.

5.DEBAIXO DOS CARACÓIS DOS SEUS CABELOS – ROBERTO CARLOS (1971)
Roberto compôs esta música para o amigo Caetano Veloso que estava exilado em Londres. Nesta época muitos brasileiros viviam no exílio, ou seja, tiveram que fugir do Brasil por conta da forte repressão sofrida pelos órgãos de repressão da ditadura militar.

6.PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES – GERALDO VANDRÉ (1968)
Através dela, Vandré chamava o público à revolta contra o regime ditatorial e ainda fazia fortes provocações ao exército.

7.ACORDA AMOR – CHICO BUARQUE (1974)
A falta de confiança era tão grande que as pessoas tinham mais medo dos policiais (que sequestravam, torturavam, matavam e, muitas vezes sumiam com corpos) do que de ladrões

8.PANIS ET CIRCENSES – OS MUTANTES (1968)
Panis et Circenses vem do latim e significa: Política do pão e circo, ou seja, a música denuncia, uma crítica do que o governo fazia com a população: entretenimento e comida.

9. O DIVÓRCIO –LUIS AYRÃO  (1977)
Luís Ayrão, cantor brega, mas engajado, compôs no 13º. Aniversário do golpe “há 13 anos que te aturo e não aguento mais”, à qual deu o título de “Divórcio”. A censura não percebeu.

10.APENAS UM RAPAZ LATINO AMERICANO – BELCHIOR (1976)
 É um protesto contra a repressão que censurava os artistas e, principalmente músicos da época. 

11.CÁLICE - CHICO BUARQUE E MILTON NASCIMENTO (1978)
A ideia de Chico Buarque: explorar a sonoridade e o duplo sentido das palavras “cálice” e “cale-se” para criticar o regime instaurado.
  
12.MOSCA NA SOPA – RAUL SEIXAS (1973)
Através de uma metáfora, o povo é a “mosca” e, a ditadura militar, “a sopa”. Desta forma, o povo é apresentado como aquele que incomoda que não pode ser eliminado, pois sempre vão existir aqueles que se levantam contra regimes opressores.

13. QUE AS CRIANÇAS CANTEM LIVRES – TAIGUARA (1973)
Composição de Taiguara, lançada em 1973. No mesmo ano, o cantor se exilou em Londres, tendo sido um dos artistas mais perseguidos durante a ditadura militar.

14.AQUELE ABRAÇO – GILBERTO GIL (1969)
Gilberto Gil fez a composição após ter sido preso em um camburão. Ele acreditava que seria morto.

15.É PROIBIDO PROIBIR – CAETANO VELOSO E MUTANTES (1968)
Esta canção era uma manifestação das grandes mudanças culturais que estavam ocorrendo no mundo na década de 1960

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domingo, 16 de junho de 2013

02 - SAMBA DE RAIZ

       O samba, como conhecemos atualmente, tem origem afro-baiana, temperado com misturas cariocas. Nasceu da influência de ritmos africanos, adaptados para a realidade dos escravos brasileiros e, ao longo do tempo, sofreu inúmeras transformações de caráter social, econômico e musical até atingir as características conhecidas hoje.
     O gênero que conquistou o título de identidade do Brasil dentro do país e no exterior, também cativou muitos adeptos no cenário artístico. Cada um deles deu sua contribuição ao estilo, surgindo diferente ramificações do tradicional samba.
     A influência cultural americana, logo após a Segunda Grande Guerra, também repercutiria no gênero. Com um modo diferente de dividir o fraseado do samba e inspirados no impressionismo do jazz e do erudito, surgiria através de João Gilberto e Tom Jobim a bossa nova nos anos 50. O novo estilo ganharia repercussão internacional. Dissidências internas desse grupo ainda propiciariam o surgimento dos afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes.

     Uma corrente mais popular faria ressurgir o samba tradicional ,o Samba de Raiz como expressão mais autêntica, e o termo acabou sendo empregado ao referir-se aos sambistas mais conservadores do morro no final da década de 60 como Cartola, Nelson Cavaquinho e, mais adiante, Candeia, Chico Buarque de Holanda e Paulinho da Viola. Este mesclou o estilo ao choro e se transformaria em um ícone do samba tradicional para a corrente mais vanguardista até hoje. No final da década de 90, o antigo samba seria revalorizado com nomes de grandes artistas do gênero como Nelson Sargento, Wilson das Neves e as Velhas Guardas da Portela e da Mangueira. 

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

01 - BOSSA NOVA

          Sempre que se fala em movimentos da música brasileira, logo de cara se fala da Bossa Nova. E não podemos descartar esse fenômeno que surgiu no final dos anos 50 no meio da classe média da zona sul carioca, por nomes como João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e outros, com forte influência do jazz.
          Muitos especialistas da música brasileira citam como início do movimento, o mês de agosto de 1958, quando foi lançado no mercado o compacto simples do violonista baiano João Gilberto (considerado o papa do movimento), contendo as canções Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Bim Bom (do próprio cantor).
          Desde seu início a bossa nova foi marcada por características próprias: acordes dissonantes e inspirados no jazz norte-americano; letras que abordavam temáticas leves e descompromissadas e a prática do canto-falado ou do cantar baixinho, do texto bem pronunciado.
          Em meados da década de 1960, embasados pela defesa que o Centro Popular de Cultura da UNE, fazia da música brasileira, criticando a influencia norte americana na nossa música, artistas como Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime  estimulados por essa visão popular e nacionalista, se aproximam dos compositores de morro, como o sambista Zé Ketti. Um dos grandes nomes da bossa nova, Carlos Lyra, aderiu a esta corrente, juntamente com Nara Leão, promovendo parcerias com sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho e ritmos nordestinos como João do Vale. É quando surge o show OPINIÃO em novembro de 1964, marcando de vez a ruptura de vários grandes nomes com a bossa nova.

          Isso poderia ter representado o fim do movimento bossa novista, mas o que se viu, foi que com o passar do tempo, a aceitação da bossa nova, principalmente no exterior, fez da mesma uma referencia mundial na música brasileira. Com o passar do tempo, a bossa nova ainda influenciaria uma corrente pós-punk inglesa, através da new bossa de grupos como Style Council, Matt Bianco e Everything But the Girl. Essa tendência se refletiu no rock brasileiro de Lobão a Cazuza (Faz Parte do Meu Show). Até mesmo, as pistas dançantes do  eletrônico  reabilitariam o groove da bossa, redescobrindo — e repaginando — de João Donato e Marcos Valle a Joyce e Edu Lobo


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