A
música sertaneja como tal surgiu em 1929, quando Cornélio Pires, pesquisador,
compositor, escritor e humorista, começou a gravar "causos" e
fragmentos de cantos tradicionais rurais na região cultural caipira, que
abrange a área do interior paulista, norte e oeste paranaenses, sul e triângulo
mineiro, sudeste goiano e mato-grossense. Na época das gravações pioneiras de
Cornélio Pires, o gênero era conhecido como música caipira, cujas letras
evocavam a beleza bucólica e romântica da paisagem, assim como o modo de vida
do homem do interior em oposição à vida do homem da cidade. Hoje tal gênero é
denominado música raiz, com as letras dando ênfase no cotidiano e maneira de
cantar. Entre as duplas pioneiras nas gravações em disco, destacaram-se
inicialmente Zico Dias e Ferrinho, Laureano e Soares, Mandi e Sorocabinha e
Mariano e Caçula. Estas primeiras duplas cantavam principalmente as chamadas
modas de viola, com uma temática bastante ligada à realidade cotidiana.
De
1929 até 1944, na música caipira ou música raiz "os cantadores interpretavam
modas de viola e toadas, canções estróficas que após uma introdução da viola
(repique) falavam do universo sertanejo numa linguagem essencialmente épica,
muitas vezes satírico-moralista e menos frequentemente amorosa”. Os duetos em
vozes paralelas eram acompanhados pela viola caipira, instrumento de cordas
duplas e vários sistemas de afinação.
.Após a guerra
introduzem-se na música caipira novos instrumentos como a harpa, e o acordeom,
novos estilos, como os duetos com intervalos variados, o estilo mariachi e
novos gêneros, como a guarânia, a polca paraguaia, o corrido, a canção
rancheira etc. A polca paraguaia e a guarânia caracterizam-se pela flutuação
rítmica de compassos binário composto e ternário simples, em justaposição ou
alternância. A canção rancheira é uma espécie de valseado, e o corrido usa a
levada da polca europeia, isto é, um binário simples em andamento rápido,
enfatizando os inícios de tempo do compasso e usando notas bastante rápidas na
melodia. Ainda nesse período pós-guerra surgem novos ritmos como o rasqueado,
introduzido no Brasil por Nhô Pai e Mário Zan principalmente, música com
andamento moderado entre a polca paraguaia e a guarânia, a moda campeira e o
pagode, mistura de catira e recortado, cujo principal representante foi o
violeiro mineiro Tião Carreiro. A temática é mais amorosa, conservando, no
entanto um caráter autobiográfico.
Trazemos
nessa coletânea nomes como Tonico e Tinoco, Tibagi e Miltinho, Irmãs Castro,
Pedro Bento e Zé da Estrada, Raul Torres e Florêncio entre outros.
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